Poucas coisas no mundo são capazes de nos deixar tão admirados. Uma delas – talvez a mais improvável de todas – se chama ser humano.
Em um mundo cada vez mais caótico, onde pessoas matam pessoas, pessoas exploram pessoas, onde ainda tem gente que morre de fome e de doenças muito simples de serem curadas, eis que surge um viés lindo e inspirador. Diria, até, capaz de nos inspirar a mudar.
Um cineasta, o Yann Arthus-Bertrand, decidiu percorrer o mundo tentando entender a essência humana. Ele viajou por três anos, passou por 60 países, entrevistou 2 mil pessoas e disso, produziu o documentário mais belo que já assisti: Human.
E sabe quando falam que menos é mais? Yann entendeu bem o que isso significa. No documentário, são APENAS pessoas, na frente de um fundo preto, falando sobre diversos assuntos, como amor, relacionamento, vida, dor, sonhos, consumo, felicidade e tudo que torna quem somos. Simples assim. Sem máscaras, efeitos e ensaios. As pessoas falam o que querem falar sobre os assuntos que lhes são perguntados. O trabalho é complementado com paisagens de tirar o fôlego dos lugares por onde o cineasta passou.
E quer saber o melhor de tudo? O documentário está disponível, na íntegra, no Youtube e em português. Ele é dividido em três partes, de pouco mais de uma hora cada e, ainda por cima, as entrevistas de cada um dos participantes estão em vídeos individuais, para quem quiser rever um relato específico.
Nesta obra você vai encontrar pessoas de diversas idades, credos, países, opções sexuais e condições de vida. Desde um simples morador de rua até um presidente. De um presidiário a uma mulher que se divorciou para viver um grande amor com outra mulher. De uma jovem que quase foi morta pelo marido, a um homem machista, que acha que a mulher tem que viver para ele.
A diferença de opiniões, muitas vezes motivada pela cultura em que o indivíduo está inserido, é incrível. Este documentário tem grandes chances de ser o meu favorito, acima de qualquer outro que eu já assisti ou vá assistir.
Outra característica interessante no meio dessa simplicidade farta de significados é que, assistindo Human, percebemos a nossa imensa pequenez, a fragilidade de ser humano e a capacidade de podermos experimentar coisas simples de sentir, mas complexas de explicar. E tudo o que eu falei aqui pode não fazer o menor sentido, pois, ainda por cima, o documentário causa aquela peculiar sensação de ficar horas olhando pro nada tentando entender tudo aquilo que você absorveu assistindo. Muito louca essa sensação.
“Eu sonhei com um filme em que a força das palavras ampliasse a beleza do mundo. As pessoas me falaram de tudo; das dificuldades de crescer, do amor e da felicidade. Toda essa riqueza é o centro do filme HUMAN. Esse filme representa todos os homens e mulheres que me confiaram suas historias. O filme se tornou um mensageiro de todos eles“, diz o cineasta, no site do projeto.