No dia em que atualmente vemos o mundo se encher de flores guarda uma história de luta e desigualdade. O dia internacional da mulher teve uma origem bem diferente do que vemos hoje.
Felizmente ao longo destes 159 anos, o 8 de março é celebrado em boa parte do mundo com flores, palavras de carinho e muito amor. Algo bastante diferente do que ocorreu em 1857 em Nova Iorque (EUA), onde um movimento de operárias protestava por melhores condições de trabalho. Esta história eu aprendi noa pré-escola, me foi repetida durante parte do ensino fundamental, e depois parece ter caído no esquecimento…
Quantas horas semanais você trabalha? Alguns 40, outros 44, agora vamos somar as mulheres de uma indústria têxtil de Nova Iorque em 1857… 16 horas por dia, 32 horas em 2 dias… 48 horas na quarta-feira… Acho que já deu pra entender o drama que elas viviam àquela época. E se pra completar, eu te contar que elas recebiam salários que equivaliam a aproximadamente 30% do que os homens tinham, sendo que estes trabalhavam metade delas? Acha pouco? E só pra completar, o que você acharia se crianças trabalhassem junto a essas mulheres, e de graça?
Este é o cenário que precede o dia que todos celebramos hoje. Em uma época onde nem o cinema existia, mulheres tinham seus direitos comandados pelos homens no poder e eram exploradas como mão de obra barata.
No dia 8 de março de 1857, um grupo de operárias de uma empresa têxtil de Nova Iorque paralisou as operações e protestaram contra essa situação. O que elas reivindicavam? Salários melhores e redução da jornada de trabalho para “apenas” 10 horas diárias.
Eu gostaria que a história narrasse que houve longas horas de negociação, dias, semanas, etc… Mas, a história nem sempre é justa nem politicamente correta, ela costuma ser fria e lógica, pendendo para o lado do mais forte e melhor equipado. E dessa forma, as mulheres que reivindicavam por algo que hoje nos parece ser, ainda, injusto, colocaram-se em uma situação que anos depois marcariam a história da humanidade…
A empresa foi propositalmente trancada, com todas as mulheres dentro e em seguida, incendiada.
Mais de 100 mulheres morreram carbonizadas nesta ocasião. E sabem quando que o 8 de março passou a sere reconhecido como o dia internacional da mulher? Em 1910, ou seja, 53 anos depois. E em 1975 a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a data como Dia Internacional da Mulher, e a data passou a ser celebrada por diversas nações.
Essa história parece um pouco traumática, principalmente para ser contada a uma criança do ensino fundamental 1, mas, talvez tenha sido este pequeno trauma que tenha me ensinado a ser mais gentil, não apenas com as mulheres, mas, com as pessoas.
Felizmente não ouvimos os gritos de desespero daquelas mulheres presas, mas, um Século e meio depois, ainda temos o silêncio da mulher que sofre agressões. A sociedade que se atém presa a conceito de gênero e considera a mulher como menos digna de ganhar salários igualitários aos dos homens. Empresas que parecem tratar gravidez com doença, e até mesmo mulheres que tratam a gravidez como sinônimo de insucesso pessoal, dando preferência a vida profissional.
Hoje podemos comemorar com vermelho, rosa e muitas cores as conquistas de um capítulo cinza de nossa história, e mesmo diante dos relatórios publicados esta semana sobre a desigualdade de gênero, podemos ficar felizes pelas conquistas, mas não desligar das lutas que ainda são muitas e estão longe de um fim. Mas de luta, já vimos que as mulheres entendem, há muito elas vêm enfrentando jornadas duplas e conquistando seu espaço, fazendo valer seus direitos e ensinando à sociedade que nem sempre são o elo mais fraco, ou o sexo frágil. Essa vitória elas conquistam a cada dia, e muito mais vitórias conquistarão. Parabéns mulheres pelo seu dia. <3